- Alô...
- Sou eu...
(naquele Eu reconheceu todas as suas dúvidas, seus descompassos, tantos tropeços. enxergou com minúcia cada palavra não-dita, no torpe silêncio que precede algum desfecho, algum caminho. ressonância atordoante, feito trovoadas, naquele baque monumental, intenso, voraz. foi neste Eu que um dia perdeu-se inteira, e se entregou num labirinto de pernas, nucas, peitos, braços, lábios, e numa noite dessas lacrimejou lembranças, entristeceu todos os porta-retratos, emoldurou canções de amores findos, recolheu cada aroma que restara, qualquer rastro sutil, algum bilhete, uma blusa esquecida, algum pequeno presságio, neste Eu que um dia fora ela em tantas formas, em muitas forças, entrega plena que desfaz-se bruscamente, sem restar tempo algum para compreensões, entendimentos, indagações, ferida ainda aberta que incessantemente pulsa, lembrando, segundo a segundo, o estrago devastador de uma rude tempestade, já não há casa, já não há folhas, versos, já não há risos, não há cortiça, nem planos, nem quartos, as portas já não batem, as chaves se perderam, todas as chaves, trancando em si também todos os vãos sentidos.)
- Ah, oi...pode falar...
- Desculpe estar ligando essa hora, é que eu esqueci de buscar os meus sapatos de festa e estou necessitado deles, você pode deixar na portaria?Passo aí daqui a pouco pra pegá-los!
- Sou eu...
(naquele Eu reconheceu todas as suas dúvidas, seus descompassos, tantos tropeços. enxergou com minúcia cada palavra não-dita, no torpe silêncio que precede algum desfecho, algum caminho. ressonância atordoante, feito trovoadas, naquele baque monumental, intenso, voraz. foi neste Eu que um dia perdeu-se inteira, e se entregou num labirinto de pernas, nucas, peitos, braços, lábios, e numa noite dessas lacrimejou lembranças, entristeceu todos os porta-retratos, emoldurou canções de amores findos, recolheu cada aroma que restara, qualquer rastro sutil, algum bilhete, uma blusa esquecida, algum pequeno presságio, neste Eu que um dia fora ela em tantas formas, em muitas forças, entrega plena que desfaz-se bruscamente, sem restar tempo algum para compreensões, entendimentos, indagações, ferida ainda aberta que incessantemente pulsa, lembrando, segundo a segundo, o estrago devastador de uma rude tempestade, já não há casa, já não há folhas, versos, já não há risos, não há cortiça, nem planos, nem quartos, as portas já não batem, as chaves se perderam, todas as chaves, trancando em si também todos os vãos sentidos.)
- Ah, oi...pode falar...
- Desculpe estar ligando essa hora, é que eu esqueci de buscar os meus sapatos de festa e estou necessitado deles, você pode deixar na portaria?Passo aí daqui a pouco pra pegá-los!
13 comentários:
Cada palavra uma pequena farpa, que não sei se estão abrindo feridas ou estancando sangramento.
surpreendentemente bom, como smepre!
Foi um prazer descobrir seus escritos... abraços!
Ah, Clóvis...
Que texto, heim?
Esse foi daqueles de arrepiar e de se sentir em cena, com o telefone pendurado no pescoço...
PERFEITO!
leio tuas coisas e parecem tão minhas...
tocam.
Beijos!
uau!!!!gosto de pensar em certos silêncios como ressonâncias atordoantes....belíssimo texto...adorei.....beijos
Carol Montone
muito bom..
olha vc passou la no meu blog 2 meses atrás e vim aqui pra retribuir a visita e ver seu trabalho, mto bom...
aparece lá novamente, tem um poema novo...
e como vc se despediu...
abraço poeta.
Feridas queimadas em água fervente e salgada... Dor que corrompe o corpo todo...
Não gosto desse tipo de reflexão,,, Muito forte, Clóvis! Conseguistes provocar dissabor...
Abraços e sentidas invenções!
Denso, quase doentio, mas sempre qualitativo.
Esse é você, garoto prodígio...
-Alô?
-Alô.
-Nana, sou eu, Clóvix!
-Oiiiiiiiiii, Clóvis!
-Então tá tudo certo hoje?
-Certíssimo. Em frente ao Circo Voador às 18:30.
:)
P.S.: Você é incrível!
-Alô?
-Alô.
-Nana, sou eu, Clóvix!
-Oiiiiiiiiii, Clóvis!
-Então tá tudo certo hoje?
-Certíssimo. Em frente ao Circo Voador às 18:30.
:)
P.S.: Você é incrível!
ô meu querido!
vontade de te ler!
;D
E olha só.
Hoje estou no Versos de Falópio:
http://versosdefalopio.blogspot.com
Apareça!
um beijo
gosto! desse turbilhão de palavras em uma só...
cade vc???saudades de novas palavras instigantes....
beijos
carol Montone
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