quinta-feira, maio 6

Um riso

Estes rabiscos publicáveis, em páginas de jornal classe média, com ar supremo de quem visitou a esmo - ensaiando versos - todos os pontos mais out desta cidade empolvorosa, e todos chamam teu nome, você acena amélie, como quem eterniza um instante em fotografia polaroid, toda ela, logo some, dilui-se...criança.E criam momentos de extrema sensíbilidade, lhe deixam flores e minúcias, e vão-se. E vão-se soa...soa-me vago, existe e parte-se, um café morno com bolachas de morango. Será mesmo a cisma? Acho que não gosto de você. Assim como concordo com teus pés nos meus pés, em dias assim, em busca da proa. E se você me ouvisse, se por a caso, quem sabe ontem, você me disse "eu não lhe guardo meu rancor, querido", e mais ainda, ainda que por mais que insista, nada me valha, e vale a pena escrever quando não sinto a linha, costuras disformes, visto você de asneiras, dissimulações, conhaques e tecidos rotos, porque...porque posso, amélie. Te invento, transformo, informo e pronto, eles acreditam. E então me levanto -assim-rápido-sem pausas-sem-pensar - ajeito os cabelos, acendo um cigarro, esqueço-te no cinzeiro, e canto joão neste seu impróprio violão de aço. O sol na cortina verde-musgo, não gostei e pronto. Você não sabe de cores, não tá na moda verde-musgo, não tá na moda bancar ser além, germinar sementes semânticas, e também não vi, em todas as bundas que vislumbro mensalmente na playboy, qualquer versinho seu que me soe realmente seu. Entende? então Foda-se. Hoje eu não acordei para escrever metáforas, e consertar palavras, e ajeitar parágrafos. Na verdade, mal reli qualquer entrega, e se você for ler, por favor, chore. Já não tenho tempo, ainda resta um trago ou dois no cigarro esquecido em meu cinzeiro, e se por ventura decidir partir, de repente, para sempre, não esqueça de levar as chaves, novamente.

Um riso,
C.