quarta-feira, novembro 23

Enluarado

a lua
nua e crua
envolta de lumes
mansidões
a lua
repleta em suma
senhora das razões
contudo
a lua fulgura
em intrépitos
turbilhões
a lua
a lua
a lua
miragem
clamor
amplidão
de certo
a lua aguda
visão dos amores do mar
a lua flutua
em asas
exatas
quisera eu voar
culminar
na lua
esta nua e crua
exalar seus mistérios
a lua
alerta
escuta:
quer em ti
lhe emancipar
curar
lavrar
a lua
quiçá te inclua
perpétua
possua
seu clarear
a lua
apruma
brilho
que nunca se apagará...



// pra encerrar em grande estilo


sábado, outubro 8

Brados e afincos

naquela relutância, os brados e afincos, tomo um café, fumo um cigarro, deixo soar o tempo. e tá difícil, tanta promessa, rezas, ervas santas. vou caminhando enquanto não encontro o ponto das auroras. eu deixo ir embora algum rancor. refaço coisas como lavar louças e fazer arroz. vivo na esperança dos presságios líricos. fui ver a colheita de algodão doce. estou só. estou só.. estou só.

quinta-feira, setembro 22

Diz

bate um vento no rosto
estou sozinho
só o vento no rosto diz
sopra as feridas
compõe amores
na sala um verso, um sexo, um gim
lembro dos detalhes
dos instantes mudos
palavras escritas em giz
bate um vento no rosto
estou sozinho
só o vento no rosto diz

Inclinação

inclinação ao seu corpo
devoração dos seus poros
aclamação das suas ancas
toda emoção daquela nossa dança

preta
estamos juntos
e vamos ganhar o mundo
seja
sempre serena e bela
acalme minha pele
e pernas

sou teu
só teu
meu eu
confunde ao teu
e somos um

um brado
um apogeu
entre nós dois
nada é comum

terça-feira, setembro 20

Rumo ao sol

remanso
mandisão
clamor
um tanto de amor pra dar
nao vou rimar nada com dor
aqui não há lugar
to extirpando dissabor
e rumo ao sol vou caminhar
compondo versos de louvor
livre das pragas
a vida é rara

segunda-feira, setembro 19

Destino

pela exatidão
de um gesto
e um resto de chão
pra andar
rupturas
jeitos
trecos
uma jura pra guardar
mundo afora só loucuras
solavanco, sol a pino
por mais flores no caminho
que este seja o destino

Senhor do tempo

refazendo planos
destruindo enganos
regando a flor na janela
lendo os meus sonhos
um clamor tamanho
ainda tenho saudade dela
vezes falo alto
vezes só silêncio
o meu eu é meu abrigo
ao senhor do tempo
todo sentimento
que seja brando comigo

domingo, setembro 18

Dobre este verso

dobre este verso
ponha no bolso
cada palavra
um esboço
de tramas viris
gestos hostis
verso que eu
nunca fiz

sexta-feira, setembro 16

Crua

sobre as perdas
ruas escuras
escassos meios
ruptura
de brados
freios
as conjunturas
me cortam ao meio
a vida é crua

segunda-feira, setembro 12

Um verso

um verso compassado
um verso tardo
um verso ribanceiro
um verso certeiro
um verso de milongas
um verso as tontas
um verso timoneiro
um verso beijo

Porvir

amanheceu
e o silêncio constratava com o cheiro do café
o cigarro
a idéia esmera
o seja o que Deus quiser
uns trocados furados
bilhetes antigos
versos num bolso jeans
o passado lavrado
e rememorado
vou rumo ao futuro
ao porvir

quinta-feira, setembro 8

Gosto

ébria é a vida
cíclica
onírica
pra ser sorvida
embebida
mergulhada
e na saliva
sentir o seu gosto
no acalanto
inventar cirandas

quinta-feira, setembro 1

Abstrair

tento um modo
envolto em glória
de partir ao meio seus brios
e romper sem freio a angústia
vejo um aceno
aceno de volta
é sereno
me dizem histórias dos tempos
em que lamúria era extinta
decepção não havia
o céu azul doía os olhos
de tantos lumes, clímax, energias
uma dose, um cigarro, uma lira
abstrair será a ação do dia

sábado, agosto 27

Sente

tento
lá e cá
vou sempre
vezes ausente
sente
sente
sente
sente
sente
sente
vivo
num lapso
relampago
silêncio e grito
todas as cores do mundo
todas as cores do mundo
te encontrei
pirei
levei fundo
acertei
na maré
vamos juntos
tem sempre mais um assunto

segunda-feira, agosto 15

Dave

nao ver
e nao sentir o toque
quem sabe o conhaque
quem sabe o rock
saber se tá azul o céu
para pintar quadros em tons pastéis
sorver versos e esperanças
tentar não lembrar da sua dança
querer o novo novíssimo
resistir, reexistido

sábado, agosto 13

As faltas

as faltas
dobram o coração
e alma
desfazem alusões
não acalmam
discorrem profusões
dilatam
inventam outra versão
não censurada

quinta-feira, agosto 11

Para um amor de plutão

soube por um alguém rouco
tropeçei nos brios
fiz de mim imtepertivo
no ar eu fui frio
eu não perguntei mais nada
o que me bastava era o tido
e nas faltas dos bilhetes
escrevo um verso, insisto

Marfim

soberbas
tropeços
nacos
grãos
apreços
domingos de sol
afinco
distinto rito
ensejos
tantas lembranças
cirandas
traços de godard
de sartre
bate uma saudade
de um tempo sem fim
entre prédios, transes, trastes
esbarro com uma raridade
marfim

quarta-feira, agosto 10

O que me resta

No auge dos pormenores
Fincando os pés na terra
Remontando ideias 
Fazendo festa sozinho
Do desgaste e do marasmo
As ondas quebram nas pedras
Nem afago, abraço, palavra
A imensidão é o que me resta...

segunda-feira, agosto 8

O gosto

de certo a sina
a luz divina
de certo o anseio
dobra-me ao meio
de certo o verso
lido e exposto
de certo o gosto
extremo da sílaba

segunda-feira, agosto 1

ensolará-la

uma tentativa de
explorar
brotar
minar arte
sem declínio
sem porque
apenas culminar
canto de pássaro
fim de tarde
arrepiar pêlos, sê-los
um rio passa em minha sala
pra devorar cada sílaba
transpor o sol
ensolará-la

noturno

também falo da lua
sou noturno com coturno e jaqueta preta
faço limo oriundo
pra escorregar línguas sangrentas
cada drinque um insight, um clímax
cada trago revela a sigla
um montante de artilharia
pra plantar jardins de orquídeas

domingo, julho 31

Caminho

labirintos
instintos ferinos
absinto
punhados de mar
um presságio
uma brisa que sopra
uma ponte para atravessar
energias fluídicas, sísmicas
ligações de alma e coração
eu caminho deixando pra trás
rancor, ódio, toda contramão

Brados

Pra salientar os brados, e romper com os senões. Mirações, afincos, andanças. Solavancos, saudades, cicatrizes. Na mansisão que me pulsa, dois rouxinóis cantam lépidos, a vigorar tais presságios. De tal louvor, todo o clímax. Defronte ao mar minhas ânsias. As ondas levam consigo. No ressoar das cirandas, o ensinamento preciso. Da palavra, o verbo. Do pão, o trigo.

sábado, julho 30

Caminho

labirintos
instintos ferinos
absinto
punhados de mar
um presságio
uma brisa que sopra
uma ponte para atravessar
energias fluídicas, sísmicas
ligações de alma e coração
eu caminho deixando pra trás
rancor, ódio, toda contramão

Sábado

manhã que tece
um tímido sol aparece
memórias, cafés
e presságios
solitude em vida
aos sorrisos dados
aos chopps, cigarros
filmes abstratos
as flores que vemos
perfume exalado
um samba que toca
um discurso
um brado
e esta vontade latente
de morar dentro de um sábado

sexta-feira, julho 29

Lavra

toda tempestade
lava
lavra
salienta
por vezes
esvai muralha
em frente a uma tela branca
escuto relâmpagos na sala
fugaz e contumaz no entanto
reviro anseios dos meus ancentrais
neblinas cigarros acesos
a vida cabe inteira num cartão-postal
amores nunca serão presos
a iberdade é parte das juras de fé

quinta-feira, julho 28

mosaicos

Entretanto, conforme as tempestades dão lugar as brisas, e todo o escarcéu para limpar as folhas, culminam neste intrépido fulgor de letras que formam mosaicos e entendem-se feito alquimia, coisa de natureza. Na lira, condutas retas, densidades, ânsias, conquistas de três aplausos. Fragmentos de versos enchem o copo, e de verbos ébrios componho um brado, uma cor. Destas andanças, rotinas, cláridos fatos contínuos, enxerga quem tem olhar de encanto. E nas vibrações, energias, algumas palavras são guias: luz, sabedoria, compaixão, fé. As verdades mais cruas se materializam, o verso quente que jorra e inunda, germinando presságios, regando a terra em que piso. Nuances, gestos, olhares que encontram olhares. A palavra que cessa o caos. Um poema transita e incita. Meu poema é de artesão que molda até a última saliva. Pra culminar, fluir o climax. Desbravar porteiras e casulos e becos estreitos.

Reluzia

tem rock
tem um punhado de rabiscos
defronte copos na mesa no chão
as tais angústias esvão-se
cigarros preenchem o silêncio repentino
logo seguido por um foda-se ou um estou contigo
nas venturas desmedidas de uma frota
de transes nuances flores vermelhas ruas com bares
e no rompante certezas dúbias
a vida é um quadro abstrato
com horóscopos e cartomantes
vertentes lentes em foco
refúgio glorioso o da poesia
lá onde o breu reluzia
e havia um pouco de choro enquanto sorria

inimagináveis

boas coisas
temos uma arvore
e umas cervejas
onde poderemos estender uma rede
pegar uma caixa térmica cheia
e ficar papeando sobre coisas inimagináveis

Noturno

Trago densidades
de uma noite insone
cigarros
bebidas
um jazz rouco amassiando os ouvidos
um comentário torpe
para as paredes
e este quadro dadaísta a desdenhar meus brios
meus malogros
e sinas
as tais alegrias de sábado
os risos desmedidos
desejos incontidos
miragens na janela
um fato
um naco
fragmento de vida
alguém que passa
alguém que para
e mija num poste
cachorro ladra
neblina e brumas
o telefone em silêncio
noturno transponho
rascunhos
tramas que esqueço
enquanto durmo


ìndico

Pra mim infante
Passos flutuantes
Raridades ao mar
Montante
Cismas, rimas
Frontes
O meu horizonte
Tende a azular
Na lira
Rua desmedida
Rotas corroídas
Os grafites dão flor ao caminho
Lírico
Na nuance e vívivo
Contumaz impirico
Pronto a voar
No Índico

quarta-feira, julho 13

Tzara

Faros e as estradas escuras a noite faróis e discos voadores fulgores rompantes dissabores no romper de ânsias e muralhas torpores sabores e histórias soberbas e cerejas dos bolos e afinco presságio frontes flores

segunda-feira, julho 11

Vento forte

Contratempo
Alarde
E vento forte
Norte que não vejo
Sorte é ter anseio
Brado
Vasto
Vívido
Trapos
Nacos
Ritmos
No romper de esferas
Nuances que imperam
No tremor de terras
Corações de pedra
Soberbas
Malicias
Tramas travestidas
Remanso é desejo
Densidades
Apetrechos
Dualidades
Terceiros
Mil tempestades
No peito
Os fragmentos certeiros
A raridade de sê-los

domingo, julho 10

Por aí

Vou por ai
Sem lamento
É só ir
Firmamento
Em si
Pelas ruas
Sorrir
Olhar a torre
Pipoqueiro
O açougue
Panfleteiro
Garçonete
Jornaleiro
Dono de bar
Dono de jogo
Funcionário do mês
Desaforos
Avenidas
De tão cruas místicas
Densidades sísmicas
Ouço uma nova palavra
Eu sento na praça
E assisto a vida
De graça

Ardor

O afinco tenebroso
Da verdade em explosão
O peso inerente
O fardo presente
Do ardor relutante
Fulgor, contramão
A árdua lida
Suores cintilam
Uns berros oscilam
Brados que instigam
A luta tersã
Frente a mil leões
Montantes de arestas
Abertas as frestas
Que mostram a noite
Cigarros, neblinas
Dilemas, mistérios
De lutas e sinas

sábado, julho 9

Sopro

Verdades corroídas
Tem ventos soprando feridas
O caustico, íngreme
Sem leste ou limite
No ardor, brado, afinco
Algum desatino
Montantes de cismas
Densidade vívida
Adeus de partida
E as horas vindas
Rodas de cantigas
Com fé e guarida
Mais uma bebida
E as coisas tidas
Eu penso na vida
Tem ventos soprando feridas

Ao mar

As partes que me cabem
Vão-se com as ondas
Ligeiras, risonhas
Ao mar meu instinto
Ébrio absinto
Fumaças
Garrafas lançadas
Ao mar meu brio
Instinto preciso
Do amor rarefeito
Trovejando cá
Ao mar a lástima
A falta, o descaminho
Ao mar o meu ninho
Casulo, pressinto
Ao mar minha dor
Este peso inerente
Das costas cansadas
Da alma lavrada
Ao mar meu peito aberto
Sargaço que desperto
E num rompante, um amplexo
Tons de raridades
O mar vai saber lidar com esta tempestade

sexta-feira, julho 8

Poema sobre chuva e pubs que tocam blues

Outrora


Um arranha-céu


Aurora boreal


Quisera


O meu guarda chuva


Nesse temporal


Encharcado


Dos cadarços


E da blusa dos stones


Eu danço


Para passar o agouro


Vindouro amanhã


Lampejos


Sereno


Entro, um drinque no pub


Cigarros e punge


Alguns alardes


Redenção


Mirante elucida


Tão rara é a vida


Mais uma bebida


Brado, uma sativa


Redundante clímax


É juntar sentidos


Pra que no umbigo


Adentro, intenso


vido


No ardor de terá e tido


Pintar de flor o breu


O abrigo


quinta-feira, julho 7

Três maracanãs

Metritocacia


Médio porte, fila


Quilométrica


Pra marcar consulta médica


Alquimia


Química


Folia


Hatmonia


Tudo em clima


Alforria


Visões de além


Maria


Bênçãos mãe carmen


Vide o fulgor, o alarde


Na lida um apice


Na cintilância astuta


Reverberar a luta


Ganhar de três maracanãs


Num chute de firula

Bug do blogger

Quando eu escrevo um poema no bloco de notas -  lugar onde escrevo -  ele vai com um espaçamento completamente diferente pra postagem do bloggef. Tem que melhorar isso.

Nuance

Tais verdades


Me sustentam


Raridadea. alimentam


Doces flores


Apimentam


us, rancores


Se arrebentam

Fugaz


Vezes voraz


Nuance


De pretensão


Atroz


Muiros de nós


Se elucidam


.


Sagaz


A gente faz


Folia e benfeitoria


Além.


Algim vintém


Para transpor alegria

quarta-feira, julho 6

Rascunho um ensaio a tarde

Depois


Agora vou ficar aqui


No remanso


Sativa, pronto


Pra um apogeu


Doce ardor que paira


E só eu na sala


Muitas léguas pra trilhar


Afinco, na labuta insisto


Nunca é tarde pra sonhar


Lírios, chás de wiccas


Coisa linda


Nuances, prismas


Uma manga cai da arvore


Eu li num poema certa vez


A natureza ensina a gente a cair


sábado, julho 2

Mil verões

Tão fugaz
Leve e trás
Só encenações
Mil verões
Vento e cais
Olho a imensidão

Vôo, avante
Voraz
Tudo mais
Mesmo os ais
São ensinamentos

Baby
Não me espera a tarde
Hoje eu anoiteço amanhã
Veja
Vê se pode
Dispensei as coisas vãs
Creia
Não emudeça
Tudo bem
Tudo ligth
Tudo em paz
Sinta
Não to dessa
Flor despetalada eu dispenso

sexta-feira, julho 1

Das decisões

Não que eu queira

Adentrar

No seu casulo

Vou embora

E sinto muito

Tenho tantas estradas

Pra olhar

Meu viver impacta, soma

No remanso

No entanto

Fugaz

Um momento de paz

É bênção

Vindouros rios d'ouros

E uma preta com charme

E crença


Desenhos em nuvens

Fumaças, neblinas

O que sou eu surge

Sinta

Tons de amiúde

Doce dom incita

Minha decisão

Te ensina


quinta-feira, junho 30

Canção natalina

Portanto era o tilintar, o soar de auroras. Em meandros, dissabor se esvai, um rompante, um dom, clara visão, sincronicidade. Do romper do tédio, fulgor, amargor, perpassando os dias, com louvor e fé. Na labuta um canto, passaredo manso, um senhor que passa, alguém varre a frente da casa, um suor de lutador, mãos de benzedeiro e clímax. Num dilúvio de uma noite destas, desenvoltura de arestas, o verão chegando com as nuvens de chumbo. Rumos, prumos e nuances. Brisa que arrebata os poros. Num sofá, um livro, um café. Uma canção natalina dá tom pras cores. . 

domingo, junho 19

Lume

Precisando estar
Em inclinação
Para as coisas tantas
Então

E reverberar
Numa redenção
De florar
Iluminar
Coração

sexta-feira, junho 17

Prumo

Pra frente
No lance
Nuance
Verve
No prumo
Do rumo
Intuito
Leve
Portanto
De tanto
Versar
Virou canto
Destes que acasalam
Que desanuveiam
Um antro

Passaredos

Fortes sinas
Fragmentos
De poeiras cósmicas
E tempo
A lira de Lia
A dança dos ventos
Vorazes ansejos
Intento
Doce ardor de uns passaredos que cantam sem medo
Seus versos sobre cigarros acesos e porres e avenidas abarrotadas e soberbas e tropeços
Montante de nuances cruas
No tom do compasso
Eu vejo:
Mares
Árvores
Cães caramelos
Um portão azul
Aberto
Um senhor que passa
De terno
Uma placa de trânsito
Um programa de teve
Na cintilância
Andanças
Tantas
A minha alma
Dança
Em um baile
Já é tarde
Um alarde
Viver tem vez que serena
E tem vez que arde

quarta-feira, junho 15

Pleno

Contentamento
Fulgor
Prazer pleno
No suntuoso louvor
Dos brados máximos amenos
Lido com a amplidão da luz que emano
Pra uns silêncio abstrato
Outros, concerto de piano

Ainda

E ainda tem nuvem para desenhar
Cada estrela é um verso a estar
E ainda tem o moletom
E o clima
Ainda
Ainda
Ainda tem poema pra versar
Gim caliente para arranhar a garganta
Uma bruma
Tarde tange em brisa
Ressoar que me compõe cirandas
Ainda tem o verbo
Pra acionar
Dizer
E clarear a vida
Ainda tem as avenidas
E os arranha-céus
Ainda
Ainda

Clóvis Struchel

Ensaio do relâmpago que vi

Relâmpago no mar
Visão de poderio.
Na areia ninguém lê revista
Tão só quanto o sol que hoje não se avista
Ansejos
Anseios
Lumes
Fragmentos
Costumes
Desdobramentos
Eu fito o infinito, sedento
Culminar de proteção
Me dou bem com o vento
Deixo estar os alentos
Que se esvão que segmento
Devo seguir pra ser herói de um dia cinza ou gente que embrulha bolas no farol ou quem julga ou ensina ou faz bolo ou vigília dentre esses todos no qual eu diria eu sou aquele que faz poesia

Clóvis Struchel

Uma notícia da record que vi

Vindouro astuta e sonha culminando outros buscas por tesouros de outros carnavais. Deseja, devora, implica em consternações, no ápice do brado de voracidade, portou armas, lançou canhões. No fulgurar da nuance que tange o chão: sangue e gozo, um jeans desbotado, um vestido azul turquesa.

terça-feira, junho 14

Tudo lindo

Na concretude dos passos mútuos, o irromper dos sermões. Não vale pedra em vidraça, peitos estão em cacos. Noturno vendaval, minha jaqueta, meu verso ébrio, seguimos, insistimos, achamos tudo lindo.

Todos os nomes

Ou Dê ou Dé ou Paô
Ou miscigenação
Odara ou Antenor
São Sebastião
Jussara Flora Juvenor
Diego Zé Romeu
Misturas de tantas cores
Mosaicos pincelei
Narinha Clara Cristina
Dilsinho e Abreu
Samanta Silvia Marcinha
No entanto era Eu
No salto das relutâncias
Na glória do apogeu
Surgiram tantas cirandas
Florou Soou Cresceu
E com e sem esperança
Eu só acendo breus
Na vida vindas e danças
Que minha alma teceu

Enquanto a poesia

Comecei rimar
Flor com mar
Amor com brisa
Hei de reverberar
Deixar soar
Enquanto a poesia insista

Querido leitor

Poesia pra quê
Se (quase) ninguém lê
Quisera o poder
De crescer
O verso incandescer
E ver agora:
Que um poema salva uma alma desnuda
& insólita.

Adrenalina

Ta certo
Reverbero
Nunca espero
Impero
Um clímax
Vou em frente
Junto a gente
Transgrido
Um impasse

Defronte
O enlace
O toque
A face pálida
Nuance bárbara

Afronta
Deflagra
Condiciona
A tara
Arranha
Despenca do céu
Na cama
Em glória
Sorri de lado
Acende um luck strike
Enquanto goza

Tempo ao tempo
Conversa fora
Trama vindoura
As horas tardias
Te encontro na terça
Ou na quinta
Pra mais voracidade &
Ferocidade & 
Adrenalina

segunda-feira, junho 13

O fotógrafo

Depois dos tropeços ébrios, infante desfiz trovões. Após densidades, adversidades, sigo na avenida incólume. Vejo, eternizo, dou um clique. Passo, há um passo há um grafite. Lembro das nuances de umas ancas. Faço, aprimoro, a luz é branda. Fragmentos de outros carnavais, raridades protegidas de tais temporais. A imensidão que fito, o silêncio de um vento leste, soberbas postas a mesa, conhaques, cigarros acesos, no jornal a economia é um erro, não ligo a tv faz tempo, leio Manoel, Leminski, Chacal, tô mais pelo mar que pelas tabelas numéricas, três cliques, quatro cliques, cinco, a lida, a labuta, o tecer da vida, o entardecer há de ser tão lírico que haverá de ser emoldurado...

Clóvis Struchel

Música

Aflorar meandros
Dissipar o ódio vândalo
Resolver anseios
Estar sempre inteiro
E nao mais partir ao meio
Culminar auroras
Esquecer as horas
Ser par
Ganhar vintém
Abraçar alguém
Voar
Ir mais além
Desfazer desdém

Só quero amor
Love amour
Amore
Levo um verso no bolso
E pétalas no outro
Só quero aloha
Liebe ni hefe
Niedfe
Corações que se erguem

domingo, junho 12

PrayOrlando

O ódio cego
Que dilacera
E ensanguenta
Bizarrice cinzenta
A quem só quer dizer teamo

terça-feira, junho 7

Garrafas

Pra aprimorar nuances que caibam no fulgor dum presságio, dar tons de auroras incandescentes no intuito do verbo. Pra sorver os instintos ferinos, bascos, enumerar cada mosaico abstrato. Pra culminar girassois e quimeras, fulgurar do sentido seu brio mais cintilado. E no torpor enaltecido vislumbrar o encanto pleno, deixar soar verso sereno, oriundo, que aninhe o tempo e o casulo, o breu, o obscuro, dar luz ao lúdico. Intuito. Lançar garrafas nos mares do mundo.

Clóvis Struchel

Ainda

Para o romper do tédio imponho uma inclinação impropério divago um som sem mistério deflagro um tom de impérios. Para a exatidão do sentido refaço o movimento contido explodo extrapolo os brios de certo aprimoro e sigo. Para a nuance instante preciso aciono um regar de margaridas exponho sonho seco as feridas movo refaço o novo ainda.

Clóvis Struchel

Do verbo Delírio

Ode a Manoel de Barros

A rima
Que unifica
A ordem lírica
Dos fragmentos de lumes
Trepidações de costumes
Do valoroso rimar
Claridao
Clamor
Condutas
Oscilações oriundas
Do verbo em si delirar

segunda-feira, junho 6

Findou

Acabou
A arruaça
O dissabor
A desgraça
Sim, findou
A ressaca
O fervor
Que se instala
Terminou
Toda a tara
Trepidou
Cessara
Nunca mais
Tanto faz
O romper
Da toada
Vai daqui
Por ai
Pega uma estrada
Nao sou teu colibri
Sai da minha sala

Marasmos

Do marasmo
Fato
Rastro
Das medidas
De um conhaque
Um momento
Um tom relapso
Preenchendo
Um peito farto
Refazendo os mesmos marasmos os mesmos marasmos os mesmos marasmos

Imagem

Percalços
Divergindo o verso
Incauto
Todo o movimento
Dos carros
Arde
Nostálgico
Um jazz enaltece meus poros
Cilindros
De tramas
De empórios
Visão de senão
E além mar
Vistoso
Fragmento
Sórdido
Trôpego
Os zelos tão nossos
Malogros
Desfazem-se
A arrebatar
No denso fulgor
Na rotina
Café
Cansadas retinas
Milagres em par
Elucidam

domingo, junho 5

Verve

A verve
O fluxo
Lépido
O instante
Que precede
O sexo
Fulgores
Suores
Febres
E que seja eterno
Enquanto breve

sábado, junho 4

Grafites

Com sono
De dias idos
Por becos esquivos
Liricos
Durmo e sonho
Com becos esquivos
Líricos
Acordo
Sigo matutino
Jamais findo
Este verso contínuo

Dentro da sua blusa

A poesia é uma solidão confusa
Parece que tem alguém
Dentro da sua blusa
Pegar um trem
Não tem vintém
Partir, chegar
Perto de um rio
Em algum lugar
Morrer de frio
Sentir saudade
Dar um sumiço
Se embebedar
Ter fé, ter par
Não ter declínio
Aquilo, isto
De Deus eu não duvido
A poesia é o emoldurar da plenitude
A poesia é isso


Ser teu

O frio
Que dá na nuca
Quando suas mãos
Perpassam
Delírio que continua
Iluminados pela lua

O clima
A conversa solta
Dos corpos
Nenhuma roupa
Indecentes palavras no ouvido
Instinto ferino
Preciso

Vem olhar o mar
Comigo
Eu vou te contar
Estrelas
O romance definido
Do amor
E do que seja

Vem emoldurar
Meus versos
E iluminar meus breus
Vem to cada vez mais perto
De ser teu

sexta-feira, junho 3

Versos nossos

Robusto
Astuto
As vespas
Já não ladram
Rancores
Não me abalam
Ternura
É jardim de praça
Conjuntura
Milenar
Que arde
Presságios
Me arrebatam
Cata-vento
Seca o sal
Do tormento
Da minúcia
Do argumento
Da labuta
As coisas gurias
Me elucidam
Alquimias
Brados
Asas abertas
Um timbre rouco
Dum soul
Se esmera
O beck
O pileque
A gargalhada
Em alarde
No apogeu
Destes ares
Há versos nossos
Por toda parte

Hit

O que impregna-se, lampeja, desfaz discórdia. Soberbas inglórias. A cura da culpa. No ressoar de um brado, cíclico e cintilado, rompendo a aspereza, tomo um drinque, ponho um hit e danço em cima da mesa.

Clóvis Struchel

Durante

O cheiro
Que arrepia o pêlo
A fala
Mansa
Emoldurada
O lance
Fixo
Constante
Toda aresta
Cada nuance
O lapidar do amor
Constante
Nos dois o mar
O horizonte
O seu olhar ali
Defronte
No beijo
Sou mais feliz
Durante

Clóvis Struchel

Olhar

Os olhos fitam
Contemplam
Enumeram
Vislumbram
O prumo
A métrica
Os olhos atentos
Enxergam
Dilatam
Fluem
Desnudam
O mirar
Meus olhos
Gostam
De te olhar
Meus olhos
Gostam
De te olhar
Meus olhos
Gostam
De te olhar...

Postes e muros

Chego perto. Olho o verso. Cheiro a pétala. Plenitude reverbera. No jardim silábico rego cada palavra: aurora, penduricalho, fulgor, sentimento, presságio, néctar, etc. Planto no chão a trama envolta. Hão de brotar ressonâncias, ritmos, climas. E vou colher com as mãos, sentir cada aresta, nuance, detalhe. Poema pra emoldurar, se colar, para quem for, pra quem passe, impera, plana, invade, em postes e muros dessa cidade.

Clóvis Struchel

Estado mar

Num estado mar
Tais oscilações
Naufrágios
Piratas
Ressacas
Nos pés
Grãos e conchas
Num estado mar
Marés
Manhãs
Com neblina
Estágio sargaço
Uma musa marítima
Versos nadadores
Tao molhados
Mergulhados
O pescador
Que vai navegar
Lançar sua rede
Labutar
Frases cintilam
Vozes confirmam
Vibram
Vindas de lá
Num estado mar
Estado mar
Mar

quinta-feira, junho 2

Conjuntura

A sensação de feriado
De um luck strike mentolado
A densidade
O rastro
A culpa
O demorado
O breve
O nunca
Sobressaltar
Sublimado
Gestos do sol
No telhado
Momentos sós
E calado
Ou junto muito
Ilhado
Na ruptura
Do ódio
Na conjuntura
Do signo
O universo
E seu ciclo
O ter
O ser
O ter sido
Variações
Climáticas
Ligo a tevê
Desgraças
No ardor
Da estrada que tange
Uma dor ainda urge
Laços
Cláridos
Sísmicos
Tempo é ido
É contínuo
Contexto e mais uma estrofe
A trama evapora-se

O mar ao lado

Incauto
O mar ao lado
Fumaças
Declínios
Outrora
Um poema
Que dilate
O impasse
Tempestade
Que rega
Meu corpo
E floresce
Enaltece
Prevalece
O verso preciso
Conciso
Das mãos
Que jamais
Se perdem
Das almas
E intempéries
Do brado
Do laço
Da pele

Espécie de transe

Sua nuance
Tange meu rosto
Em instantes
Irrompe os rompantes
Drinques
Papos
Delirantes
O sumo
O néctar
Defronte
Nós dois olhando
O horizonte
Sua mão cola na minha
E eu desconcertante
Te beijo sem freio
Durante
Clímax
Instinto
Relance
Brado
Espécie de transe

quarta-feira, junho 1

Verso amassado

Conforme marasmos desfazem-se, informo sobre o luar. Indago, reverbero, ando assim meio esquivo jeans blusa branca tão adentro das multidões. E de alquimias e lumes transcendentes, um rouxinol até me emudece, um verso amassado refaz toda a trama. No clímax, apogeu, pista plana, momento, o meu caminhar desnuda-se no movimento.

Imagina

Imagina a aurora
Uma roda gigante e pipoca
Toda aresta em volta
Nosso beijo
Toda rebordosa

Imagina a trama
Nuances de girassois
Nossa cama
Rompantes de rouxinois
Tudo clama
Pelos detalhes de nós
E chama

Imagina
A lira
A lida
Límpida
Imagina
Imagina

Imagina
Em par
Avenida
Só nos dois
Imperando o clima
Imagina
O fulgor
A magia
Imagina
Imagina

Rascunho oriundo de cafés

Como qual fosse tormenta, voraz, trovões arrebentam. Frenético movimento. Turvos tambores dilatam. A ressonância cintila, o tal clamor cessaria, dúvida e dor romperiam, no ar fulgor de impecilhos. Numa avenida esquiva, atravessado e com versos vivos.Na flama, lida, contínuos dias, clamo por planos de calmaria.

Ritmado

Não espere da poesia
Se não houver
Folia...

Companhia

É uma questão obtusa, de preenchimentos ébrios, contemplando nuances, reverberando latitudes. O mar bravo bate nas pedras, pensamento difuso, um amor obscuro, incauto, denso. Turvas brumas, um cigarro, miragens, fluxos, o tilintar das idéias fluídicas, horizonte laranja, uma crença, uma fé que valha, no seguimento das horas, na contemplação dos Deuses, na ruptura de breus, no corromper das condutas dúbias. Divago, mais um cigarro, o barulho do vento é o silêncio que escuto. E diz, proclama, dita. O rumo, o prumo, a lida. Fito em coisas miúdas, gurias. E tão somente só, sinas minhas, quando o compor da vida é sua melhor companhia.

terça-feira, maio 31

Manhã com neblina

A manhã com neblina e suores dos amantes, que ora salivantes, se mordem com fome. Uma canção pop. Café, seda, frestas. Fragmentos das suas arestas, sorvendo o clima que impera. A lira, a lida, a festa. O verso que se rebela. As maiores verdades da vida estão escritas na testa.

Clóvis Struchel

segunda-feira, maio 30

Rascunho noturno

Não seremos vorazes, os impasses cessaram, no romper das nuances, tange, aviva, dá cor aos olhos. E ainda que chova, monumentalmente, mesmo que houvesse música, daquelas únicas, não haveria beijo, transa impetuosa, tão somente alguma conversa ligeira, dois pedidos no bar perdido: uma cerveja e um suco de manga.

Haikai

Goteja
Na folha morna
Lágrima seca
Adorna

Tudo bem

Tá tudo bem
Não tropeço nos silêncios
Saudoso, ímpar
Sereno
Na turbulência
É só sendo
Nas intempéries
Do tempo
Alinho
Passaredos
E tenho medo
É das vírgulas
Que mudam rumos
Desnudos destilam
A madrugada é minha lira

Clóvis Struchel

Faros

Nua
De certo
Em suma
Crua
Ainda havia lua
Pra iluminar seus rastros
No tilintar de auroras
Torpor
Fulgor
Outrora
Vertente que aprimora
Meus faros

domingo, maio 29

Esmero

Robusto
Contudo
Impero
E esmero
As tais latitudes
Fragmento ébrio
Olhar penetrante
Me tirando o sério
Delírio, rompante
É você que eu quero

Clóvis Struchel

Primavera de junho

Contudo
De sobressalto
Me impulso
No lance
Transe
Assunto
Na voraz lira
E difuso
Acerto a mira
E vou junto
Pra primavera de junho
Pra terra de seu Afonso
Pras águas das cachoeiras
Ligeiro
Verdade
No cais da sagacidade
Me ergo

Sinos

Resquícios
Marasmos
Cíclicos
Brados ínfimos
Senões
Ímpetos
Densidade
Instinto
Do alto ardor
De um vinho tinto
Tramas urbanas
Canções na cama
Toques vívidos
Límpidos
Ouviram-se tocar sinos
Na sutileza que insisto

Pra gente

Cigarro aceso
Pensamento terno
A vicissitude de um verso
É eterna
A protuberância do sentido
É etéreo, pra sempre
Há poemas que falam de todos
Já outros só dizem pra gente

O compasso visceral do tempo

Esta vertente inebriada da noite, torpores, intempéries, o afago preciso, esta brisa, esta música, a aurora linear que se inunda, no percorrer das horas idas, fluídicas, fragmentos de versos não lidos pelas retinas difusas dum amor tempestuoso. E o compasso visceral do tempo, aninhando, fluindo, sentindo, sendo...

Bug

Alinho
Costuro
Reconfiguro
Inauguro
Um coração com bug
Dum tal amor obscuro

Fresta

Na esfera
Docente ardor
Que se esmera
Fulguração
Que interpela
A mansidão
De uma pétala
O lapidar
De uma pedra
Juntando todas as peças
Desabrochar de arestas
Te ver desnuda, em festa
Por um detalhe, uma fresta
Entrar, deitar e me empresta
Este calor que rebela
Efervescência na certa
Me tremulando as pernas

sábado, maio 28

Brados

Fatigado
E os brados
Das pernas
Ora bambas
Rumam
Prumam
Voam
Num compassar
Destemido
Indago o sol
E prossigo
Infante
Ébrio
Sucinto
Neste relevo
Planície
Onde as tempestades
Residem

O que vai fazer no feriado

Não sei
Quanto aos seus cabelos
Ondulados
Nao sei
Eu nao sei
O que vai fazer no feriado
Talvez
Do seu jeito de olhar
Sei um bocado
Nao sei se lê sartre no sábado
Nao sei suas fomes
Seus medos.
Refaço indago teço
Impero reverbero um recomeço
Apenas saber seu nome merece um poema inteiro

Jazz de nostalgia

É relevante
O transe
A voz rouca
Da cantora
Num jazz de nostalgia
Os nossos drinques
Acesos os cigarros
Tramas urbanas
Jaquetas jeans
Um turbilhão de desejos
Nomenclatura de anseios
É visceral
Âmago
Transcendência
O mirar de um Farol
Distante
Iluminando tais corpos
Arfantes
Molhados
Entregues
Ao mar
Ao vento
Ao tempo
Ao breve

Pintor de telas

Um poema esquecido
Num obscuro brilho
De tilintar nuances
Um poema atrás da porta
Num envelope
Debaixo de um tapete persa
Poema de fulgurações
Demandas, senões
Poema de infante
Poema inca delirante
Poema sucinto
Nas indagações
Um poema rasgado
Robusto e embriagado
Para amansar leões
Para emanar multidões
Num bruto ardor de poeta
Poema solitário
Voraz e memorável
Sozinho como um pintor de telas
Que em um só traçado
Refaz com astúcia, mirado
A nuance do rosto dela

Vibe

Na vibe
Todos são azuis
Ou liláses


Encontro basco

Um encontro basco
Inebriado
Embriagado
Eu fiquei mudo
Você calado
Os nossos olhos
Incendiavam
Corpos sedentos
Rostos colados
Quanto as palavras
Que dissertávamos
Tramas urbanas
Um traço, um brado
De certo em suma
Enluarado
Por entre as brumas
De tais presságios
Na mente um clímax
No peito um baque
Lépido e denso
O movimento
O argumento
Similaridade
Estremecimento
Em tal fragmento
De voracidade

sexta-feira, maio 27

Nossa foto na mesa

Chegou e desperdiçou palavras
Como se o silêncio compusesse o tom
Desmedido
Fugaz
Brado intrínseco
Pediu um café sem querer
Acendeu seu cigarro de artista
Com seu nike surrado de pista
Pernas gurias, estremecidas
Derrubou nossa foto na mesa
Derrubou nossa foto na mesa
Derrubou nossa foto na mesa
Derrubou nossa foto na mesa

Noite dos gatos persas

Na rebordosa
Impondo o clímax
Das horas
Defronte
Instinto
A relevância
O vinho tinto
O sobressaltar
O brilho
Dos olhos mouros
A me fitar
Nas avenidas góticas
Rompendo a barreira
Da glória
Pra sermos nossos
Agora
Num bar num pub
Retórica
Te aninhar
E vambora:
A noite é dos gatos persas
Suas pernas
E tramas
A cama flutua
Entrância
De rimas
Fluídicas
Únicas
Proeminentes lisuras
Sem juros ou juras
Aquém das rupturas

As margaridas

Aprumo um jeito
Meio ao meio
Envolto
Algum receio
Não trovejo
Deixo o sol dar cor
Ao beijo
E se te vejo
Rego as margaridas
Do caminho

Poema ao relento

Uma palavra
Não soará
No tempo
Poema ao relento
Pra plantas silvestres
Mas o sentido
Este tal Deus destemido
Estará presente
Nos poros
Vísceras
Vestes
Aprumará um presságio
Quanto a palavra
O poema de folha rasgada
Apenas regarâo nascentes
Mas nada
E fulgurarão
Eloquentes
Na importância do poema presente
Transpirado
Aprumado
O poema largado
Por entre poeiras cósmicas
Lavrando a lama das botas
Livrando o caos e a discórdia
Do Sol e todas as notas
De um instrumento de cordas


Presságios ébrios

Toda astúcia
Divulga
A inauguração
Da lira
Tambores
Clarinetes
Saxofones
Rompem tédios
Anunciando intrépidos
Presságios
Ébrios  

Uma canção antiga

No silêncio da noite, um jazz rouco dispara na sala. Pensamentos soltos, distantes de agouros, na cintilância do tempo ora caos ora dengo. Me reverbero e me rendo. Não julgo astúcias ou delirios. Na estrada cíclica divago entre carícia e a vida, despida, desfez os nós dos tropeços...
A lira é lívida, certeira.
O amor uma canção antiga que diga:
Tomara que faça sol nas noites turvas e com brumas e com comentários do tipo eu não te conheci assim.

Clóvis Struchel 

quinta-feira, maio 26

O barulho que a chuva faz

Deserto
De certo
O verso
Nomeará
O verbo
Chuva
Chuva
Chuva
Neste teu lábio
De alvorecer
(inunda)

Jazz

No rompante de indagações
Me ponho a ladrar senões
Ligeiros impasses
Livramento de desastres
Alcunhas para honrar
Na lida
A mente erguida
Corpo moído
O dente sisu lateja
Defronte
É madrugada
Um conhaque
Um dopante
Uma baga apertada
Insinuante
Longínquo
Perto
O bastante
Na mesa ao fundo
Sorvendo
Cada clímax e delírio
Na batida jazz
Um viés sucinto
A cantora bêbada incita
Nada a temer na vida
Um gozo, uma trama
Escrita

"o mar quando quebra na praia"

Ode a Caymmi

Da nascença
De um apogeu
Duma crença
Insisto na dança que emana
Derrama
O pesar
No mar eu fico
Com onda sereia ressaca
No mar e em mergulho
No mar eu me fulguro

Das idas de Santiago

Fragmento
Uivo e ouvo o tempo
Madrugada
Terapia
É lavar louça na pia
Despojada
Disporia
Num arranha-céu
Arranharia
Mira
Te ligo
Te vejo
Dois ou três
Ansejos
Milhares de vendavais
Teço
Do pôr do sol eu amanheço
Aqui entre nós, presságios
Debaixo dos prós,  arpejos
São mil relevâncias mesmo
Das idas de Santiago

sexta-feira, maio 20

Lampejo e sorte

Intrépido
Ligeiro
Desfazendo receios
Sem freio
E voraz
No suntuoso lume
Que dispara em feixes
E cada vez mais
As malas prontas
Peito aberto
De certo
Será climax
Impero sóis
Eu quero bons presságios
E ventos sublimes

O reconvexo
A jura
O senhor do bomfim
Apreço ébrio
As fulguracoes de um jardim
Nuances pares
As notas de um bandolim
Lampejo e sorte
Os Deuses que estão aqui

terça-feira, maio 17

A silaba

A silaba astuta
A silaba beijo
A silaba turva
Prevejo
A silaba solar
A silaba mar
A silaba soar
No ar
A silaba moura
A silaba louca
A silaba branda
A silaba dança
A silaba espasmo
A silaba espaço
A silaba fardo
A silaba sábado
A silaba voraz
A silaba paz
A silaba chuva
A silaba rua
A silaba negra
A silaba seja
A silaba veja
A silaba incita
A silaba
A silaba
A silaba

domingo, maio 15

Trilha fincada

Madrugada. E os lábaros das foices que aniquilavam os tormentos cessaram num ímpeto. Já não se ouviam as vespas, e os minutos soaram em imensidões de estremecimentos, tal como o corpo mergulhado em vigor de tal prazer sugerido. Na fulguração das cismas. Estas intempéries do acaso desfolhando impressões. Deste outono orvalhado, tal qual seria o imo desta estação. Do amor fez-se a colina. Dos dias passados, o alcance e a trilha fincada. Nesta busca que insulta a razão. Os Deuses são chamados por nomes de rios. Trovejam e inundam os rios. Os Deuses são chamados. Pulsam. Afloram.  Destinam-se. Transbordam. A massa é pura solidez de ferro ou louça. Divina é a sutileza. Esta que não apruma os jeitos.  

O sexo

Entre rimas calidas
Brados causticos
Berros épicos
E suores epiléticos
Deixemos urgir, surgir, fluir
O sexo

sábado, maio 14

O baile dos sete mares

Um conhaque
Um trago
As suas retinas
Marasmos
Eu fumo um cigarro
Outros vários 
Algumas meninas
Me invadem 
De certo embriagado
Um samba que toca no carro
O mesmo sentido
Desvario
Respostas
Que as horas me trazem
De novo um novo conhaque
Lembrança a toa
Um embate
Teu corpo
Teu dorso
Tua margem
As fulgurações
Um alarde
O samba compassa a voltagem
Delírio
A pele que arde
De novo e de novo um conhaque
Os Deuses convidam pro baile
Dos sete mares
Que seja miragem
Ou arte

Ensaio sobre o mar de abril rascante

Caro leitor
Destes de almanaque
Tratados, ensaios
Os que veneram romances
Com poesia entra em transe
Se tem novela é seu lance
Carissimo
A rua até poderia rumar um mar de abril rascante a rua até poderia aprumar um mar de abril rascante a rua leitor poderia emoldurar um mar de abril preciso a rua até poderia enjeitar um bar de abril rascante a rua até poderia aprumar um bar de abril rascante um bar de abril preciso um mar de azul fulgurante a rua até poderia rumar um mar de azul rascante um abril delirante a rua até poderia rumar um mar defronte a rua até poderia entornar um bar de abril dançante a rua até poderia rumar um mar de abril rascante.
E seja o quanto antes.

Benegrip

Texto de 2012

Porque te encontrar foi me rever num foco que ampliava as beiras dos meus horizontes, deixando transparecer o que estava além do presumido, pincelando de arvorecer minhas tardes de terça, e remontando o castelo de lego em multicores, fixando a princesa no alto da torre. Foi emancipar terrenos antes habitados por ratos andantes de pés encardidos, e fulgurar desejos de um filme abstrato com trilha do Otto. Emoldurando as vestes. Me vestindo de astúcias, dúzias delas. Foi como falar comigo, olhando as minhas retinas por sete minutos. E assim me ouvir cantando “Tatuagem” ou “Wake up Alone” num bar vazio numa noite cinza, quando os desamores rebelaram-se turvos, e o meu repertório validava as somas. Foi tudo ao contrário, como planejado. Sem forma de poema. Prosa. Sem maneiras ou modos. Samba. Suor. Vento no rosto. Itinerários. Coisas simples e sem adereços, que nem cabem por sobre linhas. E não impõem epílogos, nem almejam lirismos. Flui. Adiciona. Converge. Explode. Já não tenho tempo pra desfechos. Prosseguir é tudo que me transborda. Eu danço embaixo da chuva. Ileso. Você me traz benegrip e eu curo. 

sexta-feira, maio 13

Bacon e perna

Fragmento
Tua perna no tempo
Quando vejo de longe
Pareceu-me bacon

Lentamente
Fito, fixo, entendo
Cada qual com sua tara
Cada um com sua era
Mas o meu remelexo
Seja bacon e perna

Rimas tolas

No salto
Um passo
Deixa o lastro
Descalço
Incauto
No torpor
Refaço
A linha
O traço
Bebo gim
Quebro pratos
E me mato de rir

quinta-feira, maio 12

Todo mundo

Todo mundo possui os seus medos
De escuro, madrugada
Todo mundo finge que não sabe de nada
Todo mundo espera meio em cima do muro
Todo mundo
Todo mundo

Todo mundo alcança, mas não sabe o que
Todo mundo é cantor de karaokê
Todo mundo manda e todo mundo finge obedecer
Todo mundo sírio
Todo mundo sério
Todo mundo loiro
Todo mundo hetero
Todo mundo carnavalizando
Fora dos seus carnavais
Todo mundo estranho
Todo mundo trôpego
Todo mundo tamanho
Todo mundo caustico
Todo mundo infante
Todo mundo quer beber refrigerante
Aos sábados
Todo mundo de Caetano
E de Ciclano
Todo mundo é farto
Copo americano
Pra medir o fubá do bobó
Todo mundo novo para sempre
Todo mundo louco às vezes
Todo mundo vendo novela das oito
Todo mundo odeia ser como todo mundo junto
Todo mundo já previu o fim do mundo

Todo mundo já quis ser senador
Todo mundo odeia política
Todo mundo acha que é doutor
Todo mundo fez recuperação em física

Todo mundo sonha com o amor
Todo mundo manda alguém embora
Todo mundo surfa no Arpoador
Todo mundo quer e quer agora