terça-feira, abril 12

Desdobrando os labirintos

Rememorando fábulas, estremecendo rancores, não abro as cortinas, o horizonte me elucida de furor e amplidão, e o que almejo é tão...simplório, sutil anseio, lépido presságio. Acendo um cigarro, espirro três ou quatro vezes, rio, rio, rio de mim mesmo, depois de você, depois de nós dois juntos naqueles patinhos da Lagoa revelando-nos que não há qualquer romantismo lúdico por entre as pedaladas freneticamente intensas que tínhamos que ofertar pra fazer aquilo estar em movimento continuo, com alguma direção relevante, quase enfartamos, e quando atingimos à proa, tontos de taquicardia, comemoramos aturdidos a nossa chegada desta prova de veemente resistência, “pedala você agora...”, “porra, to pedalando...”, “pedala mais, caralho, eu quero sair daqui...”, quando todo este impulso de baques impetuosos soavam “ porra, eu continuo te amando”, “te amo mais, caralho, eu quero estar com você” , estes sentidos implícitos que nos tomam de fervor e fúria, mas não era bem isto, isto é, o texto, não aspirava escrever sobre nós, você já sabe me ler de forma extremosa e cada verso teu ressoa em mim de modo plural, qual fosse nosso, entende? Entende, entende sim. Olho os quadros dadaístas na parede, caminho errante pela sala, de um lado a outro, desdobrando os labirintos, estes momentos sós, a solidão prediz perguntas, respostas, perguntas, perguntas, é vital concebê-las, nos molda em estado de amplidão, enxergando as perspectivas em paralelos relevantes, factuais. Preciso de um argumento, um frenesi tempestuoso que faça valer cada linha exposta e sobreposta entre tantas palavras embaralhadas que, juntas, podem até formar um mosaico abstrato, de cor carmim, com nuances nuas. O sentido é seu, a loucura é crua, a porra é quente, o suor é frio, quando perpassamos por entre estes becos esquivos e ratos-ratos e ratos-humanos nos pedem cigarros ou cobram quatro reais por um boquete, breus que trago à tona, emaranhados, sublimados, enfeitados em seu mais vigoroso cerne, vírgula à vírgula, tudo premeditado aos caos, onde já não caio mais, foi o precipício quem me revelou, quando o surto se cessa e o que resta de ti é simplesmente o infinito, ora quantas estradas pra trilhar, eu já lhe disse isso, vou repetir, de-va-gar-zi-nho, sussurrando em seus ouvidos que comportam estes brincos de pérolas falsas, caso não forem, foda-se, não me implicam penduricalhos e ínfimos adereços, vou te dizer, é o seguinte, você poderá tentar, sentir o peito se abrir e revelar todos os pormenoresemaiores e tormentos tão chulos que não valem sequer um bocejo teu, não é tão fácil adestrar os que tem asas, diria Caio F. mais ou menos assim ou exatamente assim, e você as possui, eu vejo, claramente nestes turvos NÓS nos cadarços sujos de seu tênis, e quanto à NÓS, ein?Você é foda!Não um foda do tipo “nossa, que habilidade mental no quesito reflexões impactantes”, é um foda do tipo “Você é um filho da puta, mas cara, veja, eu também sou, então podemos andar juntos”, é o seguinte, contra as demências, psicoses, alienações, desvarios, ainda existe um elixir, isto se você quiser, quiser mesmo, intensa e grandiosamente, lá no fundo do seu mais vital casulo, guarde isto em seu bolso, esta vibração de meamdros, essa bula de remédio: QUANDO PULEI DO ABISMO, DESCOBRI QUE SOU PASSARINHO...E VOEI.