sábado, maio 14

Benegrip

Texto de 2012

Porque te encontrar foi me rever num foco que ampliava as beiras dos meus horizontes, deixando transparecer o que estava além do presumido, pincelando de arvorecer minhas tardes de terça, e remontando o castelo de lego em multicores, fixando a princesa no alto da torre. Foi emancipar terrenos antes habitados por ratos andantes de pés encardidos, e fulgurar desejos de um filme abstrato com trilha do Otto. Emoldurando as vestes. Me vestindo de astúcias, dúzias delas. Foi como falar comigo, olhando as minhas retinas por sete minutos. E assim me ouvir cantando “Tatuagem” ou “Wake up Alone” num bar vazio numa noite cinza, quando os desamores rebelaram-se turvos, e o meu repertório validava as somas. Foi tudo ao contrário, como planejado. Sem forma de poema. Prosa. Sem maneiras ou modos. Samba. Suor. Vento no rosto. Itinerários. Coisas simples e sem adereços, que nem cabem por sobre linhas. E não impõem epílogos, nem almejam lirismos. Flui. Adiciona. Converge. Explode. Já não tenho tempo pra desfechos. Prosseguir é tudo que me transborda. Eu danço embaixo da chuva. Ileso. Você me traz benegrip e eu curo. 

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