domingo, dezembro 7

Quem delira sem ter febre

Quando liguei, mal sabia o número. Fiz questão de decorar a esmo, se meu erro era o impulso, que me fosse escuro, quase claro, mal me via. Desejei você e quis sair sozinho, nunca te digo o que te move, nos movemos entre trânsitos; o nome das ruas são distintos, nada me dizem, Diga. Para onde? Fecho os olhos, quase caio num rochedo mas não sangro. Sinto falta, fome, despudor e medo. Só o vão despe o vazio em aquarelas. Você me entende? Falo sozinho. Quase te beijo. Olho suas mãos que apontam lumes. Me perco e me encontro, quase durmo. Estou sem sono. Você me incita os nervos, canto calmo e grito. Sua canção-segredo. Todos os abismos, todas as toadas. Não faz sentido, por isso escrevo. Para entender depois, talvez. Não quero mais doer em ti. Sarar suas feridas, assoprar com sutileza cada corte. Instante muda. Tudo flui. você e eu e aquela gente estranha. Nos olham esquivos, e pedem cigarros. Você me diz a hora? Eu quero estar comigo. O meu amor é cíclico, o seu amor desaba num azul mais puro. Não há amor, bem sei. Você não sabe quase nada e ri. Pede um cigarro, me olha estranho. Qual o seu nome? E segue andando como quem devora seus próprios instintos. Não mais. Tantas vezes dito. Vê se some somente mas volte pra contar-me estrelas. Ainda tenho um tempo. Ainda estou sem sono. Ainda não entendo. Apenas sinto e tão intensamente que lhe deixo ir, e assim deixando, sem consensos, me permito ir também. Tudo vazio e vão e frio e lua cheia de destinos. A sua noite triste insiste em alegrar meus dias cinzas.

9 comentários:

marimagno disse...

vc não fala sozinho.
desejo-te dias mais coloridos.

Darlan disse...

Há quem diga que não entender é o barato da vida...


Grande abraço!

Anônimo disse...

Caracas, Clóvis! Coisa pra molhar mulheres, rs
Sensacional a escrita-vômito,,, tudo bem colocado e muito agradável leitura. Feliz de ler,,,

Abraços e geniais invenções!

Felipe Dib Boufflers disse...

tudo muito bem colocado

Renato Ziggy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ziggy disse...

Engraçado que essas frases que, a princípio, me soaram demasiadamente livres e, quem sabe, incoesas, fizeram-me pensar nos relacionamentos do homem ocidental pós-moderno. O que mais se vê por aí são pessoas que têm algo com outrem, mas que vivem constantemente preocupadas com os próprios prazeres, com o que lhes for mais conveniente. Percebo muito mais uma tendência maior das pessoas a querer sentir prazer do que dar prazer ao outro, se aprazendo com isso. Não me refiro a tais práticas de forma depreciativa, mas com a visão de que hoje temos essa tendência. E o seu texto, que pra variar é excelente, me transmitiu isso.
Abraço, poeta!
Ziggy

. fina flor . disse...

Clóvis, meu caro

hoje passo somente para desejar que seu natal seja doce como o perfume das rabanadas e que seu "dois mil e love" seja repleto de gratas surpresas!!

beijos,

MM.

A Autora disse...

saudadeessss
beijos
Carol Montone

Késia Maximiano disse...

Q escrita bela...

Muito bom!