ainda bem que você foi embora sem nem ao menos me dizer "vou indo...", livrou-me da cena patética de te ver voltando dizendo que esqueceu as chaves.
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nas variações de lógica, um dia pensei ser sublime quando no fundo era somente vão, no mal-amar dos bons-amores todos os sentidos carregam consigo tantas possibilidades...
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já não me interessa as suas indagações sobre o tempo e a rapidez das coisas, tampouco a sua imagem cult-estudei-fora-sou-o-máximo que você teima em insistir bancar.
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na verdade, sinceramente, eu devia estar bem doido quando disse que teamava, o amor tem dessas coisas, todo mundo sabe, todos uns cegos sem receios que rumam o atlântico sem mapa e sem bússola, sorridentes e confiantes, e foi assim também comigo e eu também me perdi, claro.
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a canção de amy ainda ressoa pela casa, os versos densos ainda me dilaceram, gosto da canção e do que ela me traz de nostalgia e presságio - paradoxal e cálida - o volume precisa ser exato, no tilintar dos acordes que adentram em mim sem rodeios, trazendo você pra mais perto. recordo os seus olhos pequeninos, fechados, ouvindo o que há de mais cristalino em cada ressonância, a sua alma entregue àquele timbre escuro, dando a nuance exata do instante de entrega. aos poucos nossos pés encostam-se, displicentemente, e se acariciam rente às melodias-brisas que nos tomam, olhares perdidos que se encontram, mãos que se entrelaçam num tempo de intensidade, como quem toca o corpo querendo tocar a alma.
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você, em seu todo, é uma extensa metáfora, dessas que nos põem em choque, pensando, refletindo, desvendando sentidos, mas você é oco, não há nada de relevante em suas entrelinhas, há vazio apenas, uma burrice bem-articulada de quem leu Neruda para passar num concurso do Estado, e a terrível nostalgia do garoto que queria ganhar o mundo, e hoje mora num apartamento cinzento de uma rua esquisita em Botafogo.
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eu lembro que eu citei Ana Cristina César, assim que nos conhecemos: "Porque essa falta de concentração? Se você me ama, por que não se concentra?", você sorriu um sorriso frouxo, eu entendi como um sorriso de quem já leu tudo na vida e já não se surpreende com tamanha euforia num verso lido a esmo, para assim ficar urdindo com tranqüilidade a poesia que lhe surgiu de repente, mas não, era um sorriso que me falava "o que você está dizendo agora?", e eu ali, tecendo pensamentos tão bons, tão profundos, enquanto você à minha frente vagava em idéias tão rasas, tão equivocadas, tão nulas.
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para onde vão os amores que se cessam?em que lugar eles descansam?qual o caminho que percorrem, será que se perdem e adentram em outros corpos?porque?porque teimamos em vislumbrar eternidades?só para doer ainda mais quando a realidade crua bater à porta? não seria mais simples - e mais inteligente - viver o eterno que habita em cada instante?
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entenderam que o amor terminaria ali, olharam a ponte abissal que os separavam, compreenderam que não havia mais motivo para atravessá-la, que lhes restavam a dor e as sensações que pairavam no tempo, sentiram o amor se esvaindo, e isso é como passar uma faca bem afiada em suas almas já tão desgastadas, as mãos trêmulas, um vazio amargando a boca, o amor virando areia, o amor caminhando com seus próprios pés, tomando cada vez mais distância, até desaparecer por entre as dunas...
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ele não percebeu quando ela se foi, ela não olhou pra trás quando decidiu ir embora; na verdade, ninguém sabe ao certo quem partiu primeiro.
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Termino esta história com o mesmo silêncio que pairou sob a despedida, e antes ainda, sob todo o tempo em que ficamos juntos.Tempo de silêncios, de palavras vazias, de discursos frígidos.Paira por aqui este infindável silêncio, silêncio esse, que deve ter sido o discurso mais romântico, e verdadeiro, que você me ofereceu.
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mas é que a felicidade cabe em cada espaçozinho ínfimo; creia, ultimamente dei pra dormir abraçado com ela...
quinta-feira, agosto 23
para sempre, de repente
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Clóvis Struchel
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16:04
18
Deixaram-se levar...
sexta-feira, agosto 17
Dos bilhetes de Lila - Parte I
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Clóvis Struchel
,
12:36
10
Deixaram-se levar...
sexta-feira, agosto 10
acordes
Fugindo da normalidade
encontrei a raridade dos sentires
dos prazeres
dos deveres que não devo
das mentiras que não digo (sim, eu minto!)
quando eu falo de tristeza
quando esqueço da beleza
das canções e dos poemas
dos tufões e dos dilemas
(teorias, teoremas...)
Passos meus descompassados
seguros, desenfreados
diários e sem fim...
Qualquer canto é canto, e pronto.
Um acorde meio tonto, dois acordes e são tantos,
acordo no ponto, enfim
no aqui e no além
venho para ser alguém,
mas sem esquecer de mim...
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Poeminha escrito aos 17 anos e encontrado, despretensiosamente, no avesso de um caderno escolar, entre inúmeros rabiscos, gravuras torpes e pequenos corações que continham as letras "C e S" emoldurando o seu interior.
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Clóvis Struchel
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13:42
12
Deixaram-se levar...
quarta-feira, agosto 8
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Clóvis Struchel
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Deixaram-se levar...