sexta-feira, outubro 26

a partir da partida

é desconcertante rever-me
e não ver-me aos meus passos
as minhas falas meus gestos
meus olhares sem foco

angustiante me olhar
e olhar outro ser
sem ser eu sem ser quem
nunca vi nem nem sei
quem se foi
quem se fui
um adeus que alivia
dor que dói já não sendo

demasiado tato falta ar
o ar sufoca-me
já não sou ao seu lado
já não sei quem tu és...
nunca soube o seu nome
não saber impulsiona-me
a partir da partida
sem início sem enredo
onze horas onze e um
conto o tempo e tão somente
só mente...
finda
finda

desintegro-me a noite
breu de palidez
amanhecido
sem boêmia sem poesia
busquei querer ser plácido
fuga repentina da profundidade inacabada
não houve busca não houve entrega
entoei ressabido um "de nada" abafado
só silêncio e frio e indigestas ressonâncias...

5 comentários:

Anônimo disse...

De quando em vezes que estamos alheios a quem somos,,, sei...
Dos espaços mal habitados por nós mesmos,,,
Bela construção poética tens feito com a esquizofrenia clichada,,, Fusão inteligente com o desconcerto que são nossos sentires...

Clóvis, tenho ainda que tardiamente te favoritado em meus "outros inventores",,, É que me fez sobra de tempo e nem estou pedindo autorização,,, estou só comunicando, rsrs

Abraços e psicanílitas invenções!

Anônimo disse...

"psicanílitas" foi ótemum! ahaahahhaha

Carolina Lomba disse...

a fulga repentina as vezes eh um habito triste.

principalmente se o gosto insoso de profundidade inacabada eh o unico que se conhece nos labios infantis.

a muralha da China nao baixa guarda para os dragaoes mais quentes.

Voce sabe o que eh medo?


(teclado, infortunadamente sem acento).

Anônimo disse...

Mergulhos ao inconsciente nos ajudam no processo de auto-conhecimento. Isso me lembra que eu deveria retomar minhas seções de análise...

Samantha Abreu disse...

Muito bom!
as palavras parecem brinquedos!