quinta-feira, novembro 1

mergulho de cabeças

Para Lila

porque há decisões
e porque posso escolher
a cor do fundo do poço
verde-limão talvez lilás
vermelho, não
azul-marinho

e hei de acertar os pontos
marcar o X corretamente
há de se ter muita cautela
com poços e cores e fundos
sobretudo

mergulho receoso
claro
plena escuridão de cinza
o poço é cinza, tijolo e cimento
e a cor são idéias e o fundo sou eu
azul-marinho em águas de reservatórios

e posso vislumbrar nuances
a cor do fundo
do poço
e ir
a pé
a pá
que cava a terra
que abre as fendas
que corroe breus
a luz que entra logo dispersa
e volta o breu do fundo sem fundo
e sem cor
sou eu o fundo
sem fundo e sem cor
já não há poço
nem água
nem alma
nem dor
só há vermelho e vermelho e vermelho
e vermelho

lágrimas sutis são poças enfadonhas
quase ninguém percebe que elas me inundam
e matam
poços que se fundem dentro e jorram
borrando a maquiagem da garota pálida
agora nua e vulnerável
verde-limão talvez lilás
vermelho, não
azul-marinho.

12 comentários:

Clóvis Struchel disse...

Não chore, meu amor, não chore.Se chorar, beba a lágrima, ela é a água da fruta que você chupou...


Novos Baianos

Cândida Nobre disse...

Adoro ver as cores (d)escritas... Belo texto. =]

Anônimo disse...

"mas se apesar de banal
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal
sinta o gosto do sal"


Eu lembro que vim aqui outras vezes, e sei lá porque quase nunca comento, talvez por ficar meio tonto depois de beber tuas palavras. A verdade é que eu leio tudo que está aqui e dá uma espécie de sei lá o que... é sempre um "quero mais", mais afundo, conhecer mais, detalhar... Ah, é mais ou menos isso! Obrigado por você escrever e compartilhar cara, escreves muito bem! ^^

Carolina Lomba disse...

ELA - Obrigado.

Anônimo disse...

Escolher a cor do fundo do poço é mesmo um direito. O meu já mudou de cor. Riodaqui. Valeu, poeta! Passarei por aqui.

Anônimo disse...

Lembrei de flme que vi -não lembro nome- e se fartava, na apresentação, de um casal melado em todas as cores fundindo um quadro pintado pelo movimento do corpo...
Vi um bocado disso aqui,,, de quando perdemos as estribeiras escrevendo rápido pra não perder a fala... Muito bom Clóvis, gostei mesmo de montão!

Abraços e coloridas invenções!

Camila Lemos disse...

Clóvis,

A suas palavras,meu nêgo,conseguem quebrar a correria seca desses meus últimos dias,transformando esse momento(aqui agora)em águas, que umedecem serenamente meus sertões.

Há fundos e fundos
Há cores e cores
Há dores e dores
E há homens para cada pedaço de vida.

Sempre uma alegria.Aqui.

Um beijo,meu sempre querido poço de encantamento!:)

Fernanda Passos disse...

Muito bem construída. Um ritmo marcante e palavras trabalhadas de forma inteligente. Consegui vislumbrar todas as tonalidades de tua poesia.
Beijo.
Valeu pela visista.

E adoro onome de blog.
rsrsrs.

Marla de Queiroz disse...

Meu Deus, Meu Deus...o que andei perdendo por não passar aqui, hein?
Aí vc, bonitinho de doer em mim,vai lá, planta um jarro de flores líquidas na minha caixinha de comentários e me convida pra assistir aqui este espetáculo de cores.

Amo tudo que vem de vc.
Beijo tanto, tanto.

Anônimo disse...

Eis a poesia color no Poesias Crônicas tingindo um rio-enchente de idéias. Transbordam cores e versos. Riodaqui. Abraço no dono da casa

Anônimo disse...

Os olhos são os poços mais fundos em que já tive a oportunidade de entrar.

Samantha Abreu disse...

demais da conta!
muito bom!


tem coisa nova hoje no Falópio:
Eu e um crime passional
VERSOS DE FALÓPIO
http://versosdefalopio.blogspot.com/

Apareça!

um beijo!