Te deixo um sorriso claro e o meu amor confuso.
Seu âmago,
C.
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Clóvis Struchel
,
20:14
15
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
16:11
2
Deixaram-se levar...
quadro a quadro um ponto
ponho-me em frente ao distinto traço
caminho adiante, aprimoro as feições
reverbero os caminhos pintados de sonho
irreal é a vida que vivo aos retalhos de ócio
pensamento nefasto
inunda o ônibus lotado de destemperanças
esperanças à espera de um afago breve
mas não há nada além da rota rôta, pura de cinzas
dias que findam e emergem
como todos os dias que findam e emergem
nenhuma nova cor nos olhos dela
nenhum verso perdido nas paredes sujas
pensamentos relapsos, argumento inaudível
chego ao ponto e me lanço ao caminho de casa
um banho quente, um café morno...
nenhum adorno emoldura os quadros da sala
nenhum adorno emoldura os quadros da sala
nenhum adorno emoldura os quadros da sala
insone me vingo dormindo-acordado
a real ressonância que a vã vida...cala.
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Clóvis Struchel
,
17:42
4
Deixaram-se levar...
olhos verdes cor do mar de mim
que azula-se nas manhãs rente as auroras
e transformam aquarelas na infinitude
de águas que - encantadas -
bailam ondas sutilmente
seu vestido bege tinge as tardes
que alaranjadas ganham tons de prata-
madrugada
seus passos lépidos pincelam versos-brisas
nas areias entorpecidas de Ipanema
na imensidão de mim há espaço pro amor que é seu
na quietude daqui ressoa a sombra de nós
andar pela areia estrada de carmim
que rubra a mente traz a lua que implora
seus olhos a cruzar o espaço rumo a noite
em que teremos mariposas na janela
bailando cores em música negra
sua boca espalha vinho na alameda
onde flores brincam de ser criança-estrela
acende os versos que te desenham em mim
um pleno céu de breus e multi-tons
nas pedras entretidas do Farol
na imensidão de mim há espaço pro amor que é seu
na quietude daqui ressoa a sombra de nós
========================================
Mergulho em parceria com o poeta azul e amigo querido Alexandre Beanes
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Clóvis Struchel
,
15:46
3
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
14:17
13
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
20:16
8
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
14:24
12
Deixaram-se levar...
é desconcertante rever-me
e não ver-me aos meus passos
as minhas falas meus gestos
meus olhares sem foco
angustiante me olhar
e olhar outro ser
sem ser eu sem ser quem
nunca vi nem nem sei
quem se foi
quem se fui
um adeus que alivia
dor que dói já não sendo
demasiado tato falta ar
o ar sufoca-me
já não sou ao seu lado
já não sei quem tu és...
nunca soube o seu nome
não saber impulsiona-me
a partir da partida
sem início sem enredo
onze horas onze e um
conto o tempo e tão somente
só mente...
finda
finda
desintegro-me a noite
breu de palidez
amanhecido
sem boêmia sem poesia
busquei querer ser plácido
fuga repentina da profundidade inacabada
não houve busca não houve entrega
entoei ressabido um "de nada" abafado
só silêncio e frio e indigestas ressonâncias...
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Clóvis Struchel
,
14:51
5
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
23:21
8
Deixaram-se levar...
Habito, sobretudo, em papéis.Às vezes, de súbito, desprendo-me de folhas e vagueio por aí, descompassado, escrevendo em postes, em luzes, em carros com seus autofalantes, nas calçadas sujas, na mulher rude fumando o seu Marlboro, no cão que late ao léu, sem dono; no silêncio, no escuro da noite, na cintilância dos breus.Escrevo em ruas, escrevo em passos.Caminha dor...
Mas logo volto aos papéis, desarrumados, repletos de auroras, e por ali adormeço, inteiro e lépido. É que sempre vivi amor em palavras, me apaixonei por versos, por metáforas, citações, poesias.
É que sempre lidei melhor com palavras, com a naturalidade de quem molda um artefato pleno, cristalino, minucioso; quanto aos humanos, encontram-se normais em demasia - buscando água salgada em cachoeiras, almejando outros planetas, quiçá todo o universo e esquecendo, por completo, que há um mundo, cá dentro, esquecido, ainda não desbravado em sua verdadeira infinitude e importância - , tornam-se, portanto, tão mais complexos, tão mais difusos, tão mais distantes do que há de próximo em cada Ser, estar Sendo, Viver...
Eu sou dentro.
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Clóvis Struchel
,
20:47
7
Deixaram-se levar...
Você me disse que possuo uma beleza triste
e se sorrio há nuances de amargura em meus lábios
você beijou a minha boca rente às lágrimas
e provou o doce mais sublime gota a gota
E ainda disse que meus olhos são nostálgicos
e que há vislumbres de um céu cinza em meu azul
logo em seguida falou da cor de minha blusa
mas eu só uso preto...
Se eu fosse você enxergava a tristeza que carrega
se eu fosse você percebia o quanto seus olhos são densos
se eu fosse você despia-me destas pétreas armaduras
se eu fosse você compreenderia que somos os mesmos
que no fundo ainda sonham auroras e minúcias vãs...
A gente pode ser feliz da maneira que nos cabe
e nós podemos ser livres
e nós podemos ser leves
só me leve pra olhar o mar revolto
só me leve pra olhar o mar revolto
só me leve pra olhar o meu céu cinza
bem dentro dos seus olhos densos...
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Clóvis Struchel
,
20:50
3
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
20:03
8
Deixaram-se levar...
desmorona-me
agora some
dissipa o verso
a poesia viva
finda
agora vá...
jamais verá
jamais verão
nada palpável
abstração
tudo mentira
mentira
tira
quiçá delírios
tudo ilusão
antes de ir
desligue a luz
e mude o tom
nenhum bilhete
nenhuma nota
no violão
vá,
bata a porta
silêncio pleno
adeus,
paixão...
vou esquecer-te
vou esquecer-me
um dry martini
talvez drummond
até dormir sem sono
sem sonho
rente à luz opaca
da televisão...
na noite infame
os gatos miam
ao léu sem dono
na noite infame
te chamo te clamo
ao léu sem dono
na noite infame os gatos miam
só miam,
porque não sabem dizer te amo
(mas sou eterno
e você tão moço
clara diferença
eu sou poema
você...esboço)
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Clóvis Struchel
,
18:06
6
Deixaram-se levar...
Para Paula Berbert,
(quase) sob encomenda.
Cheguei quase lá mas fui ao menos
e disse mais ou menos que te quero
da próxima vez te falo sem receios
sobre o mar o amar o amargo
e o amarelo
Porque ninguém entende a minha forma de dizer te quero
porque ninguém entende a minha forma de dizer
porque ninguém entende a minha forma
porque ninguém entende
porque ninguém
por que?
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Clóvis Struchel
,
22:07
6
Deixaram-se levar...
ainda bem que você foi embora sem nem ao menos me dizer "vou indo...", livrou-me da cena patética de te ver voltando dizendo que esqueceu as chaves.
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nas variações de lógica, um dia pensei ser sublime quando no fundo era somente vão, no mal-amar dos bons-amores todos os sentidos carregam consigo tantas possibilidades...
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já não me interessa as suas indagações sobre o tempo e a rapidez das coisas, tampouco a sua imagem cult-estudei-fora-sou-o-máximo que você teima em insistir bancar.
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na verdade, sinceramente, eu devia estar bem doido quando disse que teamava, o amor tem dessas coisas, todo mundo sabe, todos uns cegos sem receios que rumam o atlântico sem mapa e sem bússola, sorridentes e confiantes, e foi assim também comigo e eu também me perdi, claro.
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a canção de amy ainda ressoa pela casa, os versos densos ainda me dilaceram, gosto da canção e do que ela me traz de nostalgia e presságio - paradoxal e cálida - o volume precisa ser exato, no tilintar dos acordes que adentram em mim sem rodeios, trazendo você pra mais perto. recordo os seus olhos pequeninos, fechados, ouvindo o que há de mais cristalino em cada ressonância, a sua alma entregue àquele timbre escuro, dando a nuance exata do instante de entrega. aos poucos nossos pés encostam-se, displicentemente, e se acariciam rente às melodias-brisas que nos tomam, olhares perdidos que se encontram, mãos que se entrelaçam num tempo de intensidade, como quem toca o corpo querendo tocar a alma.
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você, em seu todo, é uma extensa metáfora, dessas que nos põem em choque, pensando, refletindo, desvendando sentidos, mas você é oco, não há nada de relevante em suas entrelinhas, há vazio apenas, uma burrice bem-articulada de quem leu Neruda para passar num concurso do Estado, e a terrível nostalgia do garoto que queria ganhar o mundo, e hoje mora num apartamento cinzento de uma rua esquisita em Botafogo.
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eu lembro que eu citei Ana Cristina César, assim que nos conhecemos: "Porque essa falta de concentração? Se você me ama, por que não se concentra?", você sorriu um sorriso frouxo, eu entendi como um sorriso de quem já leu tudo na vida e já não se surpreende com tamanha euforia num verso lido a esmo, para assim ficar urdindo com tranqüilidade a poesia que lhe surgiu de repente, mas não, era um sorriso que me falava "o que você está dizendo agora?", e eu ali, tecendo pensamentos tão bons, tão profundos, enquanto você à minha frente vagava em idéias tão rasas, tão equivocadas, tão nulas.
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para onde vão os amores que se cessam?em que lugar eles descansam?qual o caminho que percorrem, será que se perdem e adentram em outros corpos?porque?porque teimamos em vislumbrar eternidades?só para doer ainda mais quando a realidade crua bater à porta? não seria mais simples - e mais inteligente - viver o eterno que habita em cada instante?
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entenderam que o amor terminaria ali, olharam a ponte abissal que os separavam, compreenderam que não havia mais motivo para atravessá-la, que lhes restavam a dor e as sensações que pairavam no tempo, sentiram o amor se esvaindo, e isso é como passar uma faca bem afiada em suas almas já tão desgastadas, as mãos trêmulas, um vazio amargando a boca, o amor virando areia, o amor caminhando com seus próprios pés, tomando cada vez mais distância, até desaparecer por entre as dunas...
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ele não percebeu quando ela se foi, ela não olhou pra trás quando decidiu ir embora; na verdade, ninguém sabe ao certo quem partiu primeiro.
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Termino esta história com o mesmo silêncio que pairou sob a despedida, e antes ainda, sob todo o tempo em que ficamos juntos.Tempo de silêncios, de palavras vazias, de discursos frígidos.Paira por aqui este infindável silêncio, silêncio esse, que deve ter sido o discurso mais romântico, e verdadeiro, que você me ofereceu.
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mas é que a felicidade cabe em cada espaçozinho ínfimo; creia, ultimamente dei pra dormir abraçado com ela...
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Clóvis Struchel
,
16:04
18
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
12:36
10
Deixaram-se levar...
Fugindo da normalidade
encontrei a raridade dos sentires
dos prazeres
dos deveres que não devo
das mentiras que não digo (sim, eu minto!)
quando eu falo de tristeza
quando esqueço da beleza
das canções e dos poemas
dos tufões e dos dilemas
(teorias, teoremas...)
Passos meus descompassados
seguros, desenfreados
diários e sem fim...
Qualquer canto é canto, e pronto.
Um acorde meio tonto, dois acordes e são tantos,
acordo no ponto, enfim
no aqui e no além
venho para ser alguém,
mas sem esquecer de mim...
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Poeminha escrito aos 17 anos e encontrado, despretensiosamente, no avesso de um caderno escolar, entre inúmeros rabiscos, gravuras torpes e pequenos corações que continham as letras "C e S" emoldurando o seu interior.
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Clóvis Struchel
,
13:42
12
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
20:20
4
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
16:16
20
Deixaram-se levar...
onde as brisas serão rosas cálidas
enlaçando-se ao meu desalinho
ventanias submersas no tempo
reluzindo o presságio dos mares
e após o vislumbre das ondas
me dizes que vais me esperar
às 02:15 no antigo cais
direi-te adeus com meus olhos de céu
navegante das águas bravias
no oceano sem mapa em que partes
choverá por todo o gélido inverno
e as águas do céu serão tuas
beberás cada gota de mim
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Clóvis Struchel
,
16:52
7
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
18:09
11
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
16:20
3
Deixaram-se levar...
numa poça d'água que restara
de uma tempestade repentina
ela afunda suas meias-beges
para esfriar a cabeça e se esquenta
rumo à Arábia Saudita
porque quer provar sushis exóticos
ganha as horas contando estrelas-do-mar
e dançando Ronnie Von em frente ao espelho
suspeita até não pertecer à este mundo
mas ela morre de medo de Et's e nunca nunca
nunca andou num disco-voador
dirigindo o seu escort verde-uva ela fita a orla de Ipanema
ela escuta rock and roll, ajeita os cabelos, e pensa em mim...
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Clóvis Struchel
,
18:35
19
Deixaram-se levar...
acenda a luz enquanto não há noite
para escurecer os nossos versos
desfaça estas palavras já demasiadas
disfarça, é que vem vindo gente
apaga este cigarro e me beije
no escuro dos teus pensamentos
agora clareou, por ora clareou
se soubessem a paz que habita em seus lábios
levavam você pro Iraque, levavam você pra Israel
mas não vá para longe enquanto ainda há noite
fique aqui comigo, tenha pressa não...
agora clareou, por ora clareou
se soubessem a paz que habita em seus lábios
levavam você pra Rocinha, levavam você pro Borel
mas não vá para longe enquanto ainda há noite
fique aqui comigo, tenha pressa não...
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Clóvis Struchel
,
20:03
15
Deixaram-se levar...
Minha poesia não quer crítica
(não quer ser crítica!)
não quer lirismos nulos
não quer aplausos
não quer caderno B
não pretende ser cult
nem hype, nem soft
não quer demências
não quer ser blasê.
Minha poesia não quer rimar
(e rima!)
tem pernas próprias, caminha...
tem vida vivida ao relento, suor
conhaques, sorrisos, leituras, loucuras.
Minha poesia não quer assinar
primeiras páginas
não quer tecer paixonites vãs
não quer visitar Paris
prefere a Lapa, minha poesia.
Minha poesia dispensa cerimônias
não frequenta saraus e seus geniais verseios gélidos
(enquanto os gênios não pensam na punhetinha ante-sono,
articulam bobagens com ar lord inglês).
Minha poesia quer cessar os mandamentos ray society
quer distinguir nuances e manchar aquarelas inteiras.
Minha poesia quer ser menino, moleque, livres pensamentos
feito brisa fresca entrando pela fresta entreaberta
feito mar azul visto ao descer uma estrada
feito amor revivido ao dobrar uma esquina
feito adeus sofrido no cais
(oscilações, cores distintas, tantos sentires...).
Minha poesia quer ser agora, quer ser presente
minha poesia só quer viver...
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Clóvis Struchel
,
17:23
3
Deixaram-se levar...
carece de dizer o que deseja
e beija o travesseiro a cada noite
finge a felicidade marejada
em olhos que me ditam desorientação
não diga que me ama assim tão vã
arrume as suas coisas e venha para mim
a casa é sua e eu sou teu
sem dizer sim, sem cerimônias
não diga que me ama, não precisa
dizer não é comprovação
sutilezas me descrevem teus sentidos
em meus ouvidos tantas palavras soam
porque nem tudo é poesia
e porque nem todo verso fala de amor
mas a essência que nos une mostra-se clara
dispensa perguntas, dispensa palavras
sentidos calejados pelo tempo
no não-dizer que mostra-se indecifrável
querer-te me soa o mais natural dos sentidos
e então naturalmente os dias passam...
diz mais o euteamo das minúcias
e eu digo e desdigo em cada gesto
me diz também em cada traço, em cada passo
diálogos moldados de beleza
caminhos se entrelaçam sob estrelas
em nosso encontro reinará a sutileza...
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Clóvis Struchel
,
23:05
6
Deixaram-se levar...
e não me importa mais agora
eu já não penso tanto assim também já passou da hora
para falar sobre o tempo das flores há de se ter ao menos minúcias de primavera
mas é inverno
mas é inverno
visto o meu capuz londrino e ando pelos caminhos mais inóspitos
que é onde você sempre está com a cabeça na lua
não vai à praia, não toma chuva, não dança nua durante o banho
não lê revistas, não fala gírias, não canta Chico e ainda me chama de estranho
você é música que não se toca
e eu me recuso a cantar para o mundo que esta sua estranheza arrebata-me inteiro
é que ninguém vai me entender mesmo...
é que ninguém vai me entender mesmo...
e não me importa mais agora
eu já não penso tanto assim também já passou da hora
para falar sobre o tempo das flores há de se ter ao menos minúcias de primavera
mas é inverno
mas é inverno
repousaremos nossos pensamentos em cálidas paisagens
enquanto sonhamos acordados embaixo deste cobertor de lã
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Clóvis Struchel
,
15:39
12
Deixaram-se levar...
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Clóvis Struchel
,
21:39
8
Deixaram-se levar...
caminha dor
caminhador
andou, andou, se foi...
caminhou.
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Clóvis Struchel
,
14:16
4
Deixaram-se levar...
olhe pro mar, amor
olhe pro céu
olhe pra mim como quem olha a si mesma
e se desencontre em todos os meus beijos
se perca em todos os sorrisos
pra não se perder na dor
olhe pro mar, amor
olhe para me avistar
mergulhe bem nos meus olhos
agora diga o que viu com os olhos fechados
ao mar e ao céu
ao mar ao mar ao céu
ao céu azul do mar
cantaremos melodias
e veremos este encanto acontecer
ao mar e ao céu
ao mar ao mar ao céu
ao céu azul do mar
olhando as estrelas caindo no mar
e o azul do céu escurecer...
(versos escritos na areia
deixando rastros deste amor no tempo
ondas batendo, cabelos ao vento
corpos sedentos por mar e prazer
seus olhos azulando a noite densa
agora tudo pode acontecer...)
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Clóvis Struchel
,
16:59
7
Deixaram-se levar...
eu hoje revejo os seus versos
e me ponho a pensar em seus badulaques azuis-
cor de mar
somos jovens pra pensar no fim do mundo
foi você quem disse
somos o mundo quando transformarmo-nos em três
que logo depois serão quatro
- eu lhe disse
a chave está com o porteiro
entre sem fazer barulho
eu posso estar dormindo-
acordado buscando
os tons reais do
caminho lúdico
nos sons que
transcrevo
minha cara
no espelho
remete-me
ao tempo
em que
dançamos
descompassos
num dia
de chuva
e de frio
minha cara, minha cara, minha cara
sinta-se em casa...
regue as plantas, leia os jornais
pinte as unhas de vermelho-escarlate
prenda os cabelos, passe um café
ajeite os portas-retratos, ria da minha desordem
experimente usar o meu perfume
e faça um bolo de limão
quando sair
deixe um bilhete-
poesia
e guarde a imagem
dos meus sonhos
azuis
oscilando
entre canções
de amores
multi-coloridos
eu posso acordar de repente
querendo sonhar sonhos seus...
Postado por
Clóvis Struchel
,
19:43
10
Deixaram-se levar...
bailavam cegas
andorinhas de inverno
vermelhas e cinzas
como o céu de outrora
e ainda que inertes
ao tempo e ao clima
bailavam bailavam
sorriam pra mim
mas não me viam
ou viam as cores
da alma que é minha?
ou não sorriam
tratava-se apenas do vão irreal
de minha mente já posta à venda?
ou era fuga do marasmo vivo
num riso de andorinhas vermelhas-vermelhas?
ou eram cinzas dos dias mais quentes
disformes no frio de um vôo só meu?
Postado por
Clóvis Struchel
,
13:47
5
Deixaram-se levar...
Postado por
Clóvis Struchel
,
13:39
5
Deixaram-se levar...
meu poema não é pra você
não há poesia em sua boca
não há poesia em seu beijo
não há poesia em seu seio
não há poesia em você
não há poesia em mim
não há poesia no amor que vivemos
não há poesia
nessa poesia
então eu fico por aqui
sem poema, sem poesia
sem dilema, sem alegria
sem teoremas, sem teorias
sem dores, nem choros
nada de gritos, nada de esporros
tudo pra chegar ao nada
meu poema é sobre nada
e é tudo o que posso dizer
meu poema não fala de amor
meu poema não é pra você
sinto dizer,
mas não é.
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Clóvis Struchel
,
14:58
9
Deixaram-se levar...
um surto de loucura se instala
na sala um trem invade minha televisão
espasmos de memórias
histórias
bruxas e fadas vindo pela contramão
susurros e gemidos
vozes em meu ouvido me chamam pra sair
lá fora chove, é madrugada
asfalto molhado
passos rumo ao tudo e ao nada
poemas deixados num canto
encantos milenares bailam ao meu redor
olhares atentos de deusas e putas
conhaques, berros, fodas
corpo enxarcado de chuva e suor
sementes não mentem
há vida lá fora
há vida aqui dentro e um bocado de sangue
estanque este amor, minha maior loucura
mas deixe a minha vida intacta...socorro!
se o amor morrer eu morro
se o amor morrer eu morro
e eu quero esta dança
insanidade e caos me deixam tão leve
e eu quero dançar, eu quero esta dança
mesmo que seja breve, mesmo que seja breve
Postado por
Clóvis Struchel
,
13:40
10
Deixaram-se levar...
Gritos num dilúvio
de suores, de suores
murmúrios, os melhores
desde sua adolescência
Era morena
seus seios cabiam nas mãos
pequenos, redondos
profundos, os melhores
repletos de malemolências
Dançava pra ele
despia-se feito uma sereia urbana
falava de conhaque e de umbanda
pedia grana, queria jóias
Jóia rara a morena-sereia
Se encontravam na Lapa
noites quentes, noites quentes
num quarto abafado, no fundo de um beco
amavam-se com fome de amor
ele mais que ela, mas isso já não importava
ele a amava
Conforme passaram-se os dias
monotonia tomou conta da sereia
[urbana
já não queria carro, já não queria grana
pensava em samba, em boêmia
ele a queria, ela se foi
Nas noites insanas
a procurava pelos bondes
pelos bares, pelos becos
em todos os lugares
Morena-Sereia de seios redondos
partiu, não deixou carta, nem beijos, nem planos
Enlouqueceu de amor por ela
amava a sereia com todo o clamor
nas pedras do Arpoador, jogou-se no mar
e quis nadar com a sereia
brincadeira louca
morte mais insana
a sereia sambava e sorria no asfalto
era uma sereia-urbana
Postado por
Clóvis Struchel
,
13:57
6
Deixaram-se levar...
Postado por
Clóvis Struchel
,
17:57
12
Deixaram-se levar...
persisto na leveza das horas |
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